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terça-feira, 21 de março de 2023

FENDA PALATINA

 Os defeitos congênitos no palato de pequeno de animais são observados com maior frequência em cães do que em gatos, especialmente nas raças braquicefálicas (ex. bulldog, dogue de bordeaux, boxer, etc)


cadela da raça bulldog inglês com fenda lábial
(fonte - HETTE & RAHAL, 2004 - Rev.Clin.Vet 50)

  Estas má-formações podem acometer o palato primario, o palato secundário ou ambos.  As fendas palatinas primárias são aquelas localizadas cranialment ao forame incisivo e envolvem o lábio, enquanto as fendas secundárias ocorrrem caudalmente ao forame incisivo. As fendas do palato primário incluem o lábio fendido (lábio leporino = queilosquise), processo alveolar fendido (alveolosquise) ou ambos (alveoqueilosquise).

neonato com fenda completa de palato secundário na linha média
(foto: Dra. M. Baptista)

    A fenda do tipo secundária apresenta-se como um defeito da fusão longitudinal de diferentes comprimentos e pode afetar o osso e a mucosa da linha média no palato mole.

    Entre as possíveis causas teremos :
- fatores hereditários
- deficiências nutricionais
- excesso de vitamina A e D
- alguns medicamentos
- terapias com corticosteróides
- plantas tóxicas teratogênicas
- fatores emocionais , estresse
- toxoplasmose (Toxoplasma gondii)

    Alguns estudos indicam que a suplementação com ácido fólico durante a gravidez reduz em quase  80% a incidência de fendas no palato.

  Os sintomas do problema são observados logo após o nascimento. O filhote tem dificuldade de mamar e torna-se mais fraco e magro que os demais. Observa-se com frequência a saída de leite pelas narinas devido a aspiração durante o ato de mamar. O diagnóstico é simples e feito pela simples inspeção da cavidade oral.

Tratamento
    O tratamento é cirúrgico e só pode ser realizado após o filhote completar dois meses de idade.
   Para evitar a aspiração e pneumonias o filhote deverá ser alimentado por sonda até a realização da cirurgia. Os casos mais graves são difíceis de serem tratados e com frequência o animal acaba indo a óbito por falta de nutrientes ou devido a pneumonia por aspiração.
    As fendas labiais são mais simples e fáceis de serem corrigidas. As fendas de palato secundário são sempre muito graves e a intervenção cirúrgica mais complicada.

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

ATROFIA PROGRESSIVA DE RETINA


A atrofia progressiva de retina (em inglês Progressive Retinal Atrophy = PRA) é uma doença hereditária autossômica recessiva, de caráter degenerativo que acomete ambos os olhos e leva a cegueira. A doença pode ocorrer em qualquer raça mas é observada com maior frequência em cães das raças Setter, Labrador Retriever, Poodle, Cocker Spaniel, Cão de Crista Chinês, Collie e Pastor de Shetland.
Nos chineses observa-se um tipo específico de degeneração de retina denominada PRCD ("progressive rod cone degeneration").

A doença se manifesta em animais adultos jovens, entre 1 e 5 anos de idade. Por ser uma patologia hereditária, os cães que são positivos e/ou portadores do gene não devem ser reproduzidos. A doença não tem cura, os animais positivos vão gradativamente perdendo a visão até ficarem completamente cegos. Por ser recessiva, alguns animais podem ser portadores do gene mas não manifestarem a doença, ou seja podem transmitir o problema para seus descendentes mas nunca ficarão doentes.

Inicialmente ocorre a perda da visão noturna (nictalopia) seguida de perda gradativa da visão diurna pois há o acometimento primeiramente dos bastonetes e depois dos cones. Há no início uma dificuldade de estabelecer padrões de luz e o cão pode perder-se na própria casa quando as luzes são apagadas.

Para confirmação do diagnóstico,  recomenda-se a realização de uma eletrorretinografia. Embora o ERG seja um procedimento não invasivo, a sedação é indicada para se reduzir interferências elétricas e artefatos de movimento. A luz para estimulação é colocada perto do olho e as respostas são gravadas usando 3 eletrodos. O eletrodo ativo (da gravação) é acoplado a uma lente de contato colocada na córnea. Os outros 2 eletrodos são colocados na pele para reduzir a interferência elétrica.
Para a detecção precoce ou para avaliação de doenças hereditárias dos fotorreceptores, o protocolo envolve um teste amplo dos cones e bastonetes, baseado em suas características fisiológicas diferentes.

É possível também se identificar os animais doentes e os portadores através de exame de DNA (prcd-PRA test).

Apesar de incurável, alguns estudos mostram que é possível reduzir os sintomas e até mesmo reduzir significativamente a progressão desta através de suplementação alimentar específica. Deste modo, o diagnóstico antes mesmo do animal apresentar os primeiros sintomas seria muito útil por permitiria a ação de medidas preventivas.

segunda-feira, 25 de abril de 2022

VAMOS FALAR DE CHOCOLATES ?

 

foto by Marcus Knott



Tudo começou quando Gregor Mendel começou a observar ervilhas e demonstrou que os genes ocorrem em pares, criando conceitos que serviram como base para o desenvolvimento da genética e da compreensão do DNA.

A pelagem dos cães é determinada por diferentes pares de genes, tornando seu estudo um pouco mais complexo e extremamente interessante. Vou tentar explicar passo a passo para facilitar a compreensão desse universo mágico de cores que podemos observar nas mais diferentes raças caninas. Neste post vou me ater basicamente ao genótipo que determina o fenótipo fígado (chocolate).

A cor fígado em algumas raças recebe a denominação de chocolate e é ocasionada pelo gene recessivo "b". Por ser recessivo para que o fenótipo ocorra é necessário que esteja em homozigose ou seja "bb" (a presença do gene "B" não permite a expressão da cor fígado).
O gene B afeta somente a eumelanina (pigmento preto), sendo assim para ter a cor fígado, é preciso que se tenha o dupla "b" associado a presença da eumelanina (isso inclui também os merles e os mantados).

Para ser considerado fígado (chocolate) o cão NÃO pode apresentar pelos preto na pelagem! É geneticamente impossível um cão figado apresentar pelos pretos ou cinzas (azul), assim como é impossível um cão preto ou  cinza possuir marcações fígado na pelagem.

O fígado não é a diluição de uma cor e sim a forma homozigota recessiva da eumelanina! Este é um ponto importante para que se possa compreender as nuances de marrom existentes.
O termo diluição somente pode ser utilizado quando tem-se a presença do locus D, cujo gene recessivo "d" irá diluir o fígado ou o preto levando as cores conhecidas como isabela, lilac, light chocolate e azul.
Assim como a pelagem, as cores da trufa e dos olhos também serão afetadas por esses mesmos genes. 

O cão fígado (chocolate) pode, entretanto, conter também a feomelanina cuja expressividade irá depender da presença dos locus A e K 



Como o locus "D" afeta de forma diferente a eumelanina e a feomelanina, quando acompanhado do gene At  teremos os cães conhecidos como black and tan e chocolate and tan (exemplo - doberman)

(foto - internet / google)






Se além do At tivermos também a presenta do locus S teremos as pelagens tricolores observadas por exemplo  na raça terrier brasileiro e no cão de crista chinês 

Terrier brasileiro - pelagem tricolor 
(Foto Thayana Andrade - Canil Jardim Imbuí)


Cão de Crista Chinês 
(Foto; M. Baptista)


Algumas vezes a feomelanina é confundida com a eumelanina levando a erros na classificação e denominação das pelagens principalmente em raças onde uma ampla variedade de cores é aceita. Dependendo da forma como se expresse a feomelanina pode acarretar um tom castanho que lembra a cor fígado. Este "falso chocolate" terá trufa  preta, olhos predominantemente escuros e pode ou não apresentar pelos pretos na forma de patch ou nas pontas (locus A - alelos Ay / sable )


Spitz Alemão (Pomerânia) - repare na  mudança na cor do filhote para o adulto 
Foto: Rafael Pina - Canil Life Kingdom


Cão de Crista Chinês - pelagem vermelho sable 
(Foto: M. Baptista)


Em algumas raças a cor fígado é chamada de vermelho. Isto, do ponto de vista genético, é incorreto e faz com que muitos confundam o vermelho escuro com o fígado. Vale ressaltar que o vermelho se origina a partir da feomelanina e o fígado (chocolate) a partir da eumelanina, logo são cores completamente distintas do ponto de vista genotípico.

Repare nas duas fotos abaixo. Ambos os cães apresentam tan points (são tricolors) e se olhar rapidamente pode parecer que ambos são da mesma cor. Entretanto, se olhar com atenção ira perceber que o Aussie apresenta trufa da mesma cor da pelagem e tem um tom mais uniforme, enquanto que o chinese tem nuances mais escuros e trufa preta. O primeiro é um cão de pelagem fígado verdadeira ("bb"), enquanto o segundo apresenta cor derivada da expressão da feomelanina.


No caso da feomelanina temos alguns outros locus interferindo (locus A, K e E)  mas vamos deixar essa conversar para um proximo post. 

domingo, 22 de novembro de 2020

RAÇAS DE CÃES SEM PELO

 Apesar de serem ainda considerados exóticos e desconhecidos da grande maioria, raças de cães desprovidas de pêlos já existem a centenas de anos.


A origem destas raças ainda é um pouco controversa. Alguns pesquisadores acreditam que todas tenham tido um ancestral comum africano que teria sido levado para a Ásia e para as Américas no período das navegações.

Pesquisando sobre este tipo de cães, encontrei outras 5 raças distintas:


1- Chinese Crested Dog (Cão de Crista Chinês)

O Chinese, também chamado no Brasil de Cristado Chinês, é um cão de pequeno porte que apresenta duas variedades:
-  hairless (com poucos pêlos)
-  powder puff (com pelagem farta e longa e presença de subpelo)
Devido ao seu temperamento calmo, alegre e muito carinhoso a raça vem ganhando espaço como cães de companhia pois se adaptam bem a apartamentos. Os chineses são um pouco medrosos e muito ligados aos donos e a familia e não gostam de ficar sozinhos não sendo a melhor escolha para pessoas que não desejam ter mais de um animal e que passam o dia todo fora de casa.






2 - Xoloitzcuintle (Pelado Mexicano) 



É uma raça relatvamente comum mo Méxicoe talvez a mais conhecida das raças sem pêlos, sendo difundida por diversos países. De origem bastante antiga, é sabido que povos indígenas apreciavam a sua carne, apesar de os mesmos serem considerados sagrados e representantes do Deus Asteca Xolotl (de quem herdou o nome original) - aquele que tinha a missão de guiar as almas dos mortos.
Fisicamente possui duas variedades: standard e miniatura




3- American Hairless Terrier (Terrier Pelado Americano)



Semelhante ao observados nos cristados chineses, a raça apresenta duas versões. uma variação pelada (hairless) e uma variação com pêlos.
A raça foi reconhecida pela AKC (American  Kennel Club)  apenas em 2011 e ainda não é reconhecida pela FCI (Federacion Cynologique Internacionale).
É um cão de porte pequeno a médio, musculoso e ativo  que originalmente eram utilizados para caçar ratos. Contudo, a falta de pêlos na variedade hairless reduz a aptidão de caça destes cães mas sua força, inteligência e instinto caçador o tornam excelentes para prática de esportes como por exemplo o agility.
É uma raça inteligen, hiperativa, alerta e curiosa. Todas as combinações de cores são aceitas.






4. Chinese Chongquing Dog (Cão Pelado de Chongqing)

O cão de Chongqing, também conhecido como bulldogue chinês ou hairless chinese bulldogue é uma raça muito antiga com relatos de sua existência desde a dinastia Han (206 a.C - 220 d.C). Apresenta musculatura muito desenvolvida, ausência de pelos e pele escura. Apesar de muito antiga a raça é muito pouco conhecida. 
O temperamento é muito diferente do chinese crested (cristado chinês). O Chongqing necessita de pulso e de liderança, não tolera pessoas estranhas e não tem muita paciência com crianças. É um excelente guardião da casa, fiel  com os membros da família, instintivo, alerta porém agressivo com estranhos. Não é um cão de companhia



5. Peruvian Hairless Dog  (Cão Peklado Peruano ou Cão Pelado dos Incas)

Há mais de 4000 anos que o cão "Pelado Peruano" vive no Peru. Ficou  conhecido a Europa como "Inca Orcluid Dog Moon Flower, denominação antiga que está em desuso.
Este cão cumpria um importante papel dentro dos costumos e mitos dos incas, tendo sido inclusive utilizado para fins medicinais. Basta um leve contato com ele e tem-se a sensação de se estar tocando
uma bolsa de água quente e esta característica os fez protagonista de muitas histórias , curas milagrosas e estranhos poderees, nos relatos de culturas pré-incas tais como Mochica, Chancay, Chind e Vicus.
Fisicamente, apesar de ser uma raça pelada, apresenta vestígios de pelo nas exrtremidades de seu corpo.
A raça apresenta 3  variedades de tamanho, cada um com sua padronagem:
- pequeno - 25 a 40 cm  / 4 a 8 kg
- médio -  - 40 a 50 cm  / 8 a 12 kg
- grande  -  50 -65 cm / 12 a 25 kg
São cães esguios, inteligentes e muito carinhosos com os membros da família, sendo considerados como excelentes cães de co