quinta-feira, 6 de abril de 2023

DIROFILARIOSE - VERME DO CORAÇÃO

 O vídeo a seguir já foi gravado tem algum tempo mas continua bastante atual. O problema continua e número de casos nas regiões endêmicas do Brasil não regrediu. A falta de informação ainda é o maior obstáculo na luta contra doença. 

    Algumas pessoas acreditam que uma vez constatada a doença que não há tratamento mas isso não é verdade. Nos últimos anos tive sucesso com um grande número de paciente, alguns dos quais já se encontravam em estado avançado. Contudo é importante a colaboração do proprietário que deverá seguir corretamente as prescrições para que possamos ter êxito. 

    Se você gostar do vídeo, curta, compartilha, se inscreva no canal. Vamos passar essas informações adiante e ajudar nossos pets a terem uma melhor qualidade de vida. 




terça-feira, 21 de março de 2023

FENDA PALATINA

 Os defeitos congênitos no palato de pequeno de animais são observados com maior frequência em cães do que em gatos, especialmente nas raças braquicefálicas (ex. bulldog, dogue de bordeaux, boxer, etc)


cadela da raça bulldog inglês com fenda lábial
(fonte - HETTE & RAHAL, 2004 - Rev.Clin.Vet 50)

  Estas má-formações podem acometer o palato primario, o palato secundário ou ambos.  As fendas palatinas primárias são aquelas localizadas cranialment ao forame incisivo e envolvem o lábio, enquanto as fendas secundárias ocorrrem caudalmente ao forame incisivo. As fendas do palato primário incluem o lábio fendido (lábio leporino = queilosquise), processo alveolar fendido (alveolosquise) ou ambos (alveoqueilosquise).

neonato com fenda completa de palato secundário na linha média
(foto: Dra. M. Baptista)

    A fenda do tipo secundária apresenta-se como um defeito da fusão longitudinal de diferentes comprimentos e pode afetar o osso e a mucosa da linha média no palato mole.

    Entre as possíveis causas teremos :
- fatores hereditários
- deficiências nutricionais
- excesso de vitamina A e D
- alguns medicamentos
- terapias com corticosteróides
- plantas tóxicas teratogênicas
- fatores emocionais , estresse
- toxoplasmose (Toxoplasma gondii)

    Alguns estudos indicam que a suplementação com ácido fólico durante a gravidez reduz em quase  80% a incidência de fendas no palato.

  Os sintomas do problema são observados logo após o nascimento. O filhote tem dificuldade de mamar e torna-se mais fraco e magro que os demais. Observa-se com frequência a saída de leite pelas narinas devido a aspiração durante o ato de mamar. O diagnóstico é simples e feito pela simples inspeção da cavidade oral.

Tratamento
    O tratamento é cirúrgico e só pode ser realizado após o filhote completar dois meses de idade.
   Para evitar a aspiração e pneumonias o filhote deverá ser alimentado por sonda até a realização da cirurgia. Os casos mais graves são difíceis de serem tratados e com frequência o animal acaba indo a óbito por falta de nutrientes ou devido a pneumonia por aspiração.
    As fendas labiais são mais simples e fáceis de serem corrigidas. As fendas de palato secundário são sempre muito graves e a intervenção cirúrgica mais complicada.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

PROJETO DE LEI REGULARIZA A SITUAÇÃO DOS CÃES DE APOIO EMOCIONAL NO BRASIL


Os cães de assistência são muito mais que um simples cão de companhia. Eles são anjos que auxiliam, de uma forma já cientificamente comprovada, no tratamento de diversas patologias e no cotidiano de inúmeras pessoas. Um cão de assistência é capaz de identificar pelo  faro, por exemplo, se a glicemia de seu tutor está muito elevada ou se uma pessoa que tem epilepsia fará uma crise muito antes dela ocorrer, ou seja eles são capazes de salvar vidas. 

Cães que ajudam pessoas com problemas psiquiátricos como síndrome do pânico, estresse pós traumático, esquizofrenia e autismo, são classificados como cães de suporte emocional. Apesar de todos os benefícios que eles podem trazer ainda não existe, que seja de meu conhecimento, em nenhum país, uma legislação específica que proporcione sua regulamentação. 

Em 2020, o departamento de transportes dos  Estados Unidos, durante a pandemia, após vários incidentes nos aeroportos decidiram não mais considerá-los como animais de assistência, dificultando o embarque destes. Infelizmente, para àqueles que precisavam viajar acompanhados de seus cães, o Canadá decidiu seguir seu exemplo e tomou a mesma atitude pouco tempo depois. 

Eis o grande problema: os médicos, psiquiatras, e psicólogos perceberam os benefícios que estes animais poderiam proporcionar mas se esqueceram que os mesmos deveriam passar por um teste psicológico e receber disciplina apropriada para realizar tal função. Assim como os cães de assistência, os animais de suporte emocional precisam previamente receber uma preparação e uma educação que os  permita ficar com seus tutores em lugares públicos e ter contato com outros animais. Se os médicos tivessem tido o cuidado de avaliar estes animais  antes de emitirem a carta de  autorização, muitos problemas teriam sido evitados. 

Mas como fazer isso ? Diferentemente dos animais de assistência que são preparados para atividades muito específicas (como guias de cego por exemplo), os cães de suporte precisam ter um vínculo, uma conexão muito especial com seu proprietário e a meu ver não haverá uma fórmula mágica que possa ser usada, será necessário avaliar cada caso cuidadosamente. Do meu ponto de vista, estes animais deveriam receber um certificado, emitido por um veterinário, que iria avaliar o perfil psicológico e a possibilidade deste animal exercer a função sem riscos a sociedade. 

No Brasil, a lei 11.126/2005  atualmente  regulamenta o direito do portador de deficiência visual a transitar em lugares públicos com um cão guia. Muita gente não sabe mas é assegurado por lei à pessoa portadora de deficiência visual acompanhada de cão guia o direito de ingressar em todos os meios de transporte, Qualquer tipo de discriminação ou ato contrário é considerado crime punível por lei. 

  
 De modo similar, p
essoas com deficiência mental, intelectual ou sensorial poderão ganhar definitivamente o direito de entrar em locais públicos ou privados na companhia de cães de apoio emocional. Essa autorização está prevista no Projeto de Lei (PL) 33/2022, do senador Mecias de Jesus (Republicanos-RR).

    De acordo com a proposta, a presença do cão de apoio emocional será assegurada em todas as modalidades e jurisdições do serviço de transporte coletivo de passageiros, inclusive na esfera internacional, se a origem for o Brasil. Qualquer tentativa de impedir esse direito, segundo o projeto, será considerada ato de discriminação, com pena de interdição e multa. 

    A aprovação desta lei será um grande passo a favor da inclusão social tendo em vista a inegável melhora que estes animais podem proporcionar a vida destas pessoas. 

    Vale ressaltar que no projeto de lei estão descritos vários requisitos para que o animal possa ser aprovado para esta função, sendo a docilidade e sociabilidade dois pontos primordiais. O proprietário deverá ter sempre em mãos a carteira de saúde atualizada, e um documento que identifique o animal como sendo um cão de suporte emocional. 

    O texto proíbe  o uso dos cães de apoio emocional para defesa pessoal, ataque, intimidação ou ações de natureza agressiva, assim como proíbe seu uso para a obtenção de vantagens de qualquer natureza. Essas práticas serão consideradas desvio de função e podem gerar, inclusive, a perda da posse do animal e a sua devolução a um centro de treinamento.

Fonte: Agência Senado

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

ATROFIA PROGRESSIVA DE RETINA


A atrofia progressiva de retina (em inglês Progressive Retinal Atrophy = PRA) é uma doença hereditária autossômica recessiva, de caráter degenerativo que acomete ambos os olhos e leva a cegueira. A doença pode ocorrer em qualquer raça mas é observada com maior frequência em cães das raças Setter, Labrador Retriever, Poodle, Cocker Spaniel, Cão de Crista Chinês, Collie e Pastor de Shetland.
Nos chineses observa-se um tipo específico de degeneração de retina denominada PRCD ("progressive rod cone degeneration").

A doença se manifesta em animais adultos jovens, entre 1 e 5 anos de idade. Por ser uma patologia hereditária, os cães que são positivos e/ou portadores do gene não devem ser reproduzidos. A doença não tem cura, os animais positivos vão gradativamente perdendo a visão até ficarem completamente cegos. Por ser recessiva, alguns animais podem ser portadores do gene mas não manifestarem a doença, ou seja podem transmitir o problema para seus descendentes mas nunca ficarão doentes.

Inicialmente ocorre a perda da visão noturna (nictalopia) seguida de perda gradativa da visão diurna pois há o acometimento primeiramente dos bastonetes e depois dos cones. Há no início uma dificuldade de estabelecer padrões de luz e o cão pode perder-se na própria casa quando as luzes são apagadas.

Para confirmação do diagnóstico,  recomenda-se a realização de uma eletrorretinografia. Embora o ERG seja um procedimento não invasivo, a sedação é indicada para se reduzir interferências elétricas e artefatos de movimento. A luz para estimulação é colocada perto do olho e as respostas são gravadas usando 3 eletrodos. O eletrodo ativo (da gravação) é acoplado a uma lente de contato colocada na córnea. Os outros 2 eletrodos são colocados na pele para reduzir a interferência elétrica.
Para a detecção precoce ou para avaliação de doenças hereditárias dos fotorreceptores, o protocolo envolve um teste amplo dos cones e bastonetes, baseado em suas características fisiológicas diferentes.

É possível também se identificar os animais doentes e os portadores através de exame de DNA (prcd-PRA test).

Apesar de incurável, alguns estudos mostram que é possível reduzir os sintomas e até mesmo reduzir significativamente a progressão desta através de suplementação alimentar específica. Deste modo, o diagnóstico antes mesmo do animal apresentar os primeiros sintomas seria muito útil por permitiria a ação de medidas preventivas.

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

RINOTRAQUEITE FELINA





A rinotraqueíte felina é uma doença altamente contagiosa, que acomete o trato respiratório superior e é ocasionada pelo Herpesvírus Felino Tipo I.
O gato doméstico é o principal hospedeiro do vírus mas outras espécies silvestres também podem adoecer.

O vírus é eliminado com as secreções nasais e lacrimais, assim como pela saliva, especialmente na forma de aerossol, pelos animais doentes. O vírus pode se replicar tanto nas células epiteliais da conjuntiva como no trato respiratório superior e também nos neurônios. A infecção neural permite ao vírus estabelecer longo estado de latência após a infecção primária

É uma enfermidade muito comum em gatos e que apresenta uma alta taxa de mortalidade. Os animais que sobrevivem se tornam portadores pois a doença não tem cura. Os gatos que conseguem superar a fase letal da doença irão passar o resto da vida  apresentando sintomas como hipersalivação, espirros, tosse, dispnéia, conjuntivite e corrimento óculo-nasal que varia de seroso a mucopurelenta.
O problema é especialmente grave em abrigos, onde muitos animais vivem confinados. Apesar da sua letalidade a doença pode ser facilmente evitada pela vacinação anual  preventiva

CONSULTE SEMPRE SEU VETERINÁRIO !


segunda-feira, 25 de julho de 2022

HETEROCROMIA

 


Heterocromia iridium ou  simplesmente heterocromia, é uma condição que pode ocorrer em diversas espécies, inclusive em humanos.

Em felinos esta condição ocorre devido a uma falha durante a embriogênese na formação de melanócitos em apenas um dos lados levando a formação de cores diferentes.
Tal condição está normalmente associada a despigmentação não apenas da região da íris mas também de outras estruturas derivadas do ectoderma como pele e pelos, com frequência está associada a surdez congênita (não necessariamente hereditária).

segunda-feira, 13 de junho de 2022

ESPOROTRICOSE

 A esporotricose, também conhecida como doença do jardineiro, é provocada por mais de uma espécie de fungo do gênero  Sporothrix , encontrado no solo e em plantas e de distribuição mundial, sendo muito comum no Rio de Janeiro, com número ascendente de casos na última década. 

A doença é mais comum em gatos mas também pode acometer outras espécies. Por ser transmissível ao homem é considerada um zoonose.

No Rio de Janeiro, o Hospital Evandro Chagas (Fiocruz) é considerado como referência para o tratamento da doença em seres humanos.

De acordo com a Agência Fiocruz de notícias, a maioria dos casos, no Rio de Janeiro, em seres humanos é oriunda de arranhões e mordeduras de felinos doentes.

A forma natural de contágio é por penetração de estruturas miceliais através de um ferimento. O fungo multiplica-se no nódulo linfático, onde fica retido, quando alcança um número elevado se espalha pelos vasos linfáticos. A doença é crônica e tem desenvolvimento lento.

Em humanos, observa-se a forma pápulo-nodular eritematosa que evolui para ferimentos ulcerados ou lesões verrucosas. Um linfangite nodular ascendente também pode ser observada. O período de incubação pode variar de alguns dias até 3 meses. As lesões são mais frequentes nos membros superiores e na face.
A forma cutânea da doença é a mais comum e pode se apresentar de 3 formas:
- forma cutânea localizada - com ferimentos superficiais sem comprometimento linfático
- forma cutâneo linfática  - é a forma mais comum. A lesão começa com a formação de um nódulo que ulcera. A partir desta lesão forma-se um cordão endurecido que segue pelos vasos linfáticos em direção os linfonodos.
- forma cutâneo disseminada - ocorre em paciente s imunossuprimidos. Lesões nodulares, ulceradas e verrucosas se disseminam pela pele.



Em felinos a forma cutânea da doença é a mais observada. As lesões são mais frequentes na região da cabeça. A forma extracutânea pode comprometer diversas áreas do organismo, com envolvimento dos pulmões, articulações, seios nasais ou sistema nervoso central. Sintomatologia respiratória (espirros, dispneia e secreção nasal), assim como linfangite e linfadenomegalia podem também ser observados. 



O diagnóstico definitivo requer isolamento do fungo em meio de cultura e posterior identificação, o que pode levar de quinze a vinte dias. Os exames de citopatologia e histopatologia são uma alternativa viável, com alto grau de confiabilidade e muito mais rápido permitindo que o animal não precise ficar tanto tempo aguardando para iniciar o tratamento.